quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

COMO SURGIRAM OS CÃES-GUIA?

Não se conhece muito bem como surgiu o primeiro cão-guia utilizado por invisuais, mas acredita-se que esta história é bastante antiga. Foi encontrada uma gravura mural nas ruínas romanas do século I da cidade de Heculaneum. Da Idade Média, também se conhece uma placa de madeira com uma gravura de um cão preso por uma trela a guiar um cego.
A primeira tentativa de treinamento de cães para guiarem cegos remonta ao ano de 1780, aproximadamente, no hospital para cegos Les Quinze-Vingts, em Paris. Mais tarde, em 1788, Josef Riesinger, austríaco de Viena, fabricante de peneiras, treinou um Spitz Alemão tão bem, que as pessoas duvidavam que ele fosse cego.
Em 1819, Johann Wilhelm Klein, fundador do Instituto para a Educação dos Cegos, em Viena, utilizou o conceito de cão-guia para cegos no seu livro sobre educação de pessoas cegas. Infelizmente parece que as suas ideias nunca foram colocadas em prática. Em 1847 Jakob Birrer, um cego suíço, divulgou a sua experiência pessoal de ser guiado por um cão que ele próprio treinou durante cinco anos.
No entanto, a história moderna dos cães-guia para cegos, tem início na 1ª Guerra Mundial, quando milhares de soldados regressaram da frente de batalha cegos devido a um gás venenoso. O médico alemão, Gerhard Stalling, treinou um grande número de cães, para ajudar esses soldados. Teve esta ideia porque ao passear um paciente pelos jardins do hospital junto com o seu cão e ausentando-se por momentos verificou que o mesmo guiou o paciente na perfeição.
Assim, o Dr Stalling estudou a melhor forma de treinar os cães e em Agosto de 1916, abriu, em Oldenburg, a primeira escola do mundo de cães-guia para cegos. A escola cresceu, e abriu novas filiais que educavam 600 cães por ano. Estas escolas forneciam cães não apenas para ex-soldados, mas também para pessoas cegas no Reino Unido, França, Espanha, Itália, Estados Unidos, Canadá e União Soviética. Mais tarde, em 1926, apareceu em Potsdam, perto de Berlim, outra grande escola de treino de cães-guia, que teve grande sucesso.
Nessa mesma altura, uma milionária americana, Dorothy Harrison Eustis, também treinava, na Suíça, cães para o exército, polícia e serviços aduaneiros. Lançou também o movimento de cães-guia para cegos. Dorothy estudou os métodos da escola de Potsdam e, em Outubro de 1927, escreveu um artigo sobre a escola para o jornal americano "Saturday Evening Post".
Um cego americano chamado Morris Frank, ao ler o jornal, afirmou "Os 5 cêntimos que paguei pelo jornal permitiram-me comprar um artigo que valia mais de um milhão de dólares. Mudou a minha vida". Após isto desafiou Dorothy a levar cães-guia para os Estados Unidos. Esta aceitou o desafio e treinou o cão Buddy, ensinando Morris Frank a trabalhar com o cão. Satisfieto Frank regressou aos Estados Unidos com o primeiro cão-guia daquele país. No entanto, pensa-se que uma organização italiana, a "Sculola Nazionale Cani Guida per Ciechi" já tinha iniciado esta actividade em 1928.
O sucesso desta experiência encorajou Dorothy a formar as suas próprias escolas de cães-guia em Vevey na Suíça em 1928 e mais tarde nos Estados Unidos. A partir daí, passaram a existir várias escolas de cães-guia por todo o mundo, e milhares de pessoas viram as suas vidas completamente transformadas por estes preciosos animais.

Elaborado com base em informações retiradas do site do Clube português de utilizadores de cão-guia.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cães-Guia em Portugal

Até 1996, Portugal era o único país da União Europeia que não possuía escolas de cães-guia para ajuda técnica aos invisuais.

Em Portugal, ainda hoje, existem poucos educadores deste tipo de cães. A Escola de cães-guia de Mortágua (Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual - ABAADV) é a única deste género no país. Dada à falta de técnicos nesta área, existe uma grande lista de espera de deficientes visuais interessados em adquirir um cão com estas qualidades.

Normalmente, o cão-guia para invisuais é da raça retriever do labrador, que é educado durante dois longos anos para conduzir o seu dono, em segurança, nas suas deslocações. Este animal evita que o seu dono choque com os obstáculos, ajuda-o a encontrar a entrada dos locais onde pretende dirigir-se, encontra a passadeira para peões e até impede que pise poças de água e excrementos de outros animais e evita que se dirija a locais perigosos. Para além de auxiliar o seu dono no deslocamento pelas ruas pode, também, auxiliá-lo nas tarefas caseiras.